Peças da semana


PEÇAS DA SEMANA


Confira a série de matérias sobre as peças do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa.

JULHO

Semana do dia 13 a 19 de julho

JARDIM HISTÓRICO


O pau-brasil (Paubrasilia echinata Lam.) é uma árvore nativa da Mata Atlântica brasileira classificada como espécie em perigo pela Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção, devido a sua intensa exploração, desde o 
período colonial, e pela perda de seu hábitat natural (o bioma da Mata Atlântica). O jardim histórico possui dois exemplares de pau-brasil, sendo um deles plantado pelo presidente Washington Luís em 13 de agosto de 1930, para a inauguração do Museu Casa de Rui Barbosa, primeiro museu casa público do Brasil. Na ocasião, a muda foi regada com água do Rio São Francisco, simbolizando a origem baiana de Rui Barbosa.
Para conhecer mais sobre o pau-brasil e sobre nosso jardim histórico, acesse o “Inventário Botânico do Jardim Histórico da Casa de Rui Barbosa“ no nosso Repositório Rui Barbosa de Informações Culturais (RUBI) 

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

A obra Lucia McCartney, de Rubem Fonseca, caracteriza-se pelo confronto bastante complexo, face às categorias literárias consideradas canônicas, bem como pelo confronto com as ideias até então de seu cunho conservador. “Tal contexto nos levou a acionar, no interior de sua própria narrativa, as discussões sobre arte e cultura por meio de encenações literárias experimentais”. Além disso, caracteriza-se também pelo confronto “com um contexto sociocultural e político bastante tumultuado na época”. Desse modo, “essa situação de confronto dificulta a compreensão do objeto literário pela amplificação de suas significações, visto sua complexidade, e poderia nos levar a privilegiar um dos aspectos acima citados em detrimento de sua unidade objetal inscrita em sua discursividade – ao mesmo tempo, deslizante, insidiosa e brutal – parti pris, que, evidentemente, a nosso ver, poderia conduzir a uma abordagem simplista da obra do escritor.” 1
Curiosidade: Ao estabelecer um diálogo entre a Literatura e a Psicologia Analítica, Luciana Assis (2007) explicita “que a violência que caracteriza a obra de Rubem Fonseca, e que tanta estranheza e desconforto causa em muitos leitores, está presente também em Macunaíma. O que diferencia essa violência em uma e em outra obra é o registro que dela se faz: ela aparece metaforizada no texto de Mário de Andrade e é reproduzida em toda a sua crueza nos contos de Rubem Fonseca.” 2
Formato: Livro
Data: [1969?]
Descrição: FONSECA, Rubem. Lucia McCartney. Rio de Janeiro (BR): Olivé, [1969?]. 214 p. (Coleção Contos de Hoje, 001). O exemplar possui dedicatória do autor para Andrade Muricy.
Semana do dia 06 a 12 de julho

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

Romero é o primeiro pesquisador da literatura oral brasileira, que a considera "uma das fontes básicas do pensamento e da literatura nacional", conforme escreve Antonio Candido. Como resultado de sua investigação nesse campo, realizada na década de 1870, publicou a obra intitulada A Poesia Popular no Brasil, nas páginas da Revista Brasileira, entre 1879 e 1880, bem como posteriormente em forma de livro, com o título Estudos sobre a Poesia Popular do Brazil, 1888. Além desse volume, considerado obra de referência em sua área de pesquisa, publicou também Cantos Populares do Brasil (1883) e Contos Populares do Brasil (1885). É um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). 1
Sílvio Romero realizou uma atualização do pensamento brasileiro em relação às novas tendências europeias. Com vistas a analisar a poesia popular, por exemplo, Romero utilizou o termo folclore, consolidando a prática entre os escritores brasileiros de coleta e publicação de “matéria popular”. Com o conceito, o autor insurgiu-se contra aquela forma, um tanto livre e criativa, de os românticos tratarem a poesia popular, defendendo o método científico como o mais adequado ao estudo das manifestações populares no Brasil.
O método utilizado por Sílvio Romero, para comprovar o anonimato das poesias colhidas, foi verificar se estas realmente não tinham autores e, em seguida, pesquisar a sua disseminação pelo país. Nesse ponto, ele contou com a colaboração de outros pesquisadores, que, ou lhe enviavam poesias coletadas, em suas localidades, ou comparavam as que recebiam de Romero com as que tinham em mãos. Desta forma, se uma mesma poesia existisse em várias localidades, e não houvesse autoria, era sinal de sua disseminação e anonimato, constituindo-se como uma poesia popular. Interessado, sobretudo, em revelar a cultura popular brasileira, o autor formou o seu repertório com aquelas poesias populares que não faziam parte do cancioneiro português. O sentido da cultura popular, portanto, em última análise, era o de repertoriar manifestações do povo que servissem ao seu programa nacionalista. Como, ao seu tempo, o processo civilizatório avançava no Brasil, com a expansão das relações modernas e capitalistas, que tendem a igualar as culturas, Silvio Romero, entre outros escritores, foram em busca daqueles elementos que ainda não haviam entrado em contato com a civilização uniformizadora. Por isso a atenção àqueles sujeitos que residiam em espaços sociais distantes das cidades: as populações dos sertões brasileiros. Nesse sentido, a civilização é entendida como um fenômeno exterior e superficial, uma aparência que suprimiria a essência nacional. Encontra-se aí um paradoxo que atravessou o pensamento social brasileiro no século XIX. O país deveria progredir a estágios mais avançados, tendo como reflexo os países europeus, sobretudo a França. Deveria civilizar-se. Mas a civilização era, na maioria das vezes, identificada como sinal de decadência e superficialidade. O meio urbano e civilizado, como desenhado por um sem número de romances oitocentistas, era considerado o lócus por excelência de relações mundanas e degeneradas, onde sobressaem relações ditadas pelo interesse vil e comportamento dissimulado. A civilização era, em síntese, uma sociedade de aparências. José de Alencar bem a demonstrou em seus romances urbanos.2
Formato: Livro
Data: 1888
Descrição: ROMÉRO, Sílvio. Estudos sobre a poesia popular do Brazil: 1879-1880. Rio de Janeiro (BR): Laemmert, 1888. 368 p. (Contribuições para o Estudo do Folk-lore Brasileiro). Bibliografia.


SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

A teoria e a prática no restauro da obra "A companion to greek studies” : restauro concluído pelo SEP

Os valores ligados ao patrimônio bibliográfico documental, são, em sua maioria, determinantes perante as ações de intervenção aos acervos raros e especiais, conforme é possível verificar na literatura referente a essa temática. Dando continuidade às séries publicadas, apresentamos novo exemplar da coleção Rui Barbosa intitulado “A Companion to Greek Studies” do ano de 1916 onde a teoria também auxiliou o tratamento interventivo, tanto para o restauro da capa quanto para a conservação do miolo do livro. 
Em respeito a determinados valores considerados para a coleção, decidiu-se pelo restauro da capa e a conservação e higienização do miolo, visto que o dano que acometia o volume o impossibilitava de ser manuseado. Pensando nisso, optou-se pela substituição do cartão de capa e ao reaproveitamento do revestimento original do volume, pois esse continha informações estéticas e históricas que condiziam com seu período de produção, com isso, sendo fonte de informação para pesquisas futuras. 
Em paralelo ao tratamento da capa, deu-se início à conservação do miolo do livro. Para esta etapa, foi realizada a higienização folha a folha, atentando para os cadernos mais frágeis, onde ao final foram removidos para tratamento de enxerto. Após a consolidação dos cadernos, estes foram reintroduzidos ao miolo através da técnica de reforço de costura, já comentada em publicações anteriores. Ao final foi realizado o tratamento no lombo do livro a fim de prepará-lo para a fixação da capa. Para esta etapa, pensou-se em fólio flexível em papel resistente a fim de possibilitar maior durabilidade a esta nova estrutura. Após a fixação da capa, para a finalização do trabalho, iniciou-se o tratamento estético e pequenos reparos. Importante ressaltar, assim como outros tratamentos realizados pelo LACRE, este também buscou atentar para a mínima intervenção com respeito à originalidade da obra, com uso de técnicas e materiais compatíveis com a mesma. 



   
Figura 1, 2, 3 e  4: Processo de intervenção e estado de conservação da obra

Semana do dia 01 a 05 de julho

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

Dedicatória de Euclides da Cunha para Rui Barbosa
Peça: Livro “Os Sertões”
Data: 1903
Autor: Euclides da Cunha 
Descrição: Os sertões: campanha da Canudos. 2. ed. corr Rio de Janeiro (BR): Laemmert, 1903. vii 618 p., il. 
A obra de Euclides da Cunha, Os sertões, chegava às livrarias nos primeiros dias de dezembro de 1902. Escrita ao longo de quatro anos, seu autor ainda trabalhou duro antes do lançamento. Passou dias e noites na tipografia, sob os olhares surpresos dos impressores, para corrigir os 80 erros que encontrou nos 2 mil exemplares rodados. Foram, ao todo, 160 mil emendas, feitas a ponta de canivete. Pagou do próprio bolso a edição, que saiu pela Laemmert. Isto depois de apresentar ao editor Massow uma carta do escritor Lúcio de Mendonça, que recomendava o livro. Temendo a reação dos críticos e dos militares, tomou o trem para Lorena, no interior de São Paulo, onde trabalhava como engenheiro. Chegou na cidade à meia-noite e logo partiu a cavalo, às 3 horas da manhã. Vagou por oito dias pelos sertões paulistas, até parar em Taubaté. De lá pegaria o expresso para Lorena. No restaurante da estação, viu um passageiro com seu livro nas mãos. De volta a Lorena, recebeu duas cartas de seu editor, o velho Massow. Leu antes a mais recente, em que este enviava recortes de jornais e falava do fulminante sucesso do livro. Mais da metade da edição, quase mil exemplares, a 10 mil réis cada, tinham sido vendidos em oito dias. Na primeira carta, anterior à outra, o editor se dizia arrependido com a publicação. Não tinha conseguido vender nenhum dos exemplares, nem mesmo para os sebos... Foi o crítico paraense José Veríssimo, no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, que publicou o primeiro artigo de peso. Apesar dos elogios, fazia reparos ao abuso dos termos técnicos, das palavras antigas e inventadas. Considerava também o seu tom muito artificial e rebuscado. 
Ainda de Taubaté, Euclides respondeu a Veríssimo, em carta de 3 de dezembro. Agradecia a crítica, mas defendia a aliança entre ciência e arte e a necessidade de uma ‘tecnografia própria’: ‘o escritor do futuro será forçosamente um polígrafo’. 
Os sertões: campanha de Canudos teve três edições em apenas três anos, de 1902 a 1904, em um total de 6 mil exemplares. Um best-seller para os padrões da época. É considerado como o primeiro livro-reportagem brasileiro. Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia, a qual o autor presenciou em parte como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. A obra pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística, sendo um dos maiores sucessos editoriais do Brasil, com cerca de 40 edições, incluindo uma edição crítica. 
Euclides da Cunha tornou-se membro, em 1903, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a venerável instituição dos tempos do Império. No mesmo ano ingressou na Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897 no Rio de Janeiro. Livro obrigatório na estante de qualquer leitor culto, Os sertões é muito mais tido do que lido. Obra para muitos tão difícil de penetrar quanto os emaranhados da caatinga que os soldados atravessavam até Canudos, palco da guerra travada nos sertões baianos, de 1896 a 1897. Mas Euclides é também o único escritor brasileiro que se tornou objeto de culto pessoal. 1
Militar reformado, engenheiro, jornalista, cronista, ensaísta, poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras, a irreverente figura de Euclides da Cunha entra para nossa história, antes de tudo, como um homem das e pelas Letras, autor de uma belíssima obra não injustamente obscurecida por sua magnum opus. Ademais, sua morte, em 1909, poderia ter figurado nas páginas dos folhetins da época: disposto a matar ou morrer, acabou morto, com quatro tiros, por Dilermando de Assis – cadete do Exército que, desde 1905, mantinha um romance proibido com Anna, mulher do escritor. 2
Curiosidade: As pessoas bem informadas acerca dos hábitos de estudo de Rui Barbosa e do zelo com que consultava as notícias da atividade editorial brasileira, da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos, investindo em livros mais do que, ou pelo menos tanto quanto, percebia de subsídio parlamentar, poderão talvez estranhar que, morando no Rio de Janeiro e frequentando as livrarias de sua preferência após as sessões do senado, não tivesse adquirido a 1ª edição de "Os Sertões". Ele leu, de fato, ao Senado, trechos da 2ª edição, lançada em 1905.  Euclides da Cunha – autor desconhecido – estreara com o seu livro editado em 1902. Além disso, 1902 está entre os anos de mais intensa atividade intelectual de Rui Barbosa. Foi o ano do Projeto de Código Civil Brasileiro, e seus embates linguísticos. Nenhum outro assunto lhe exigiu mais cuidado e trabalho do que esse, dada sua responsabilidade como presidente da Comissão Especial do Senado e relator por ela unanimemente eleito para a revisão do Projeto nascido e aprovado na Câmara dos Deputados.3  O livro conta com uma dedicatória do autor a Rui Barbosa, como mostra a ilustração. 



JARDIM HISTÓRICO

A camélia (Camellia japonica L.), é um arbusto nativo do leste asiático cultivado no mundo todo. Muito conhecida pela beleza das suas flores delicadas e aromáticas que florescem de fevereiro a maio. No Brasil, onde foi introduzida no século XIX, a flor da camélia tornou-se símbolo do movimento abolicionista, decorando roupas, residências e capelas dos partidários da Abolição. A presença das camélias no jardim histórico da Casa de Rui Barbosa é creditada ao próprio Rui Barbosa que escolheu locais de destaque para os arbustos. 
Para conhecer mais sobre a importância das camélias e sobre o jardim histórico da Casa, acesse “As camélias do Leblon e a abolição da escravatura”, de Eduardo Silva e o “Inventário Botânico do Jardim Histórico da Casa de Rui Barbosa“ no nosso Repositório Rui Barbosa de Informações Culturais (RUBI).



JUNHO

Semana do dia 22 a 28 de junho

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes, capitaõ de infanteria com exercício de ajudante das Ordens do Mestre de Campo general da Corte e provincia da Estremadura, filho dos illustrissimos e excellentissimos senhores marquezes de Marialva por Reineiro Bocache.

A edição que a Fundação Casa de Rui Barbosa possui foi editada em 1619, completando 401 anos. A Chronica do serenissimo senhor rey Dom Emanuel foi reeditada comercialmente na Europa em 2011.

“Poucos autores têm despertado tanto as atenções dos estudiosos nos últimos cento e cinquenta anos, como Damião de Góis. A lista é muito longa, mas não há unanimidade no modo em como é apreciado. Uns fervorosamente a favor, outros exaltadamente contra. Alguns, mais recentes, procurando encontrar algum equilíbrio no meio da confusão.

No século XIX, António Pedro Lopes de Mendonça escreveu um longo ensaio sobre o processo da Inquisição, culpando do infortúnio do cronista sobretudo o Cardeal D. Henrique. Joaquim de Vasconcelos, a seguir, publicou as Goesianas apontando o dedo ao
s fidalgos que não gostaram do tratamento das respectivas famílias na Crónica de D. Manuel. Guilherme João Carlos Henriques (William John Charles Henry - 1846-1924) carreou muita documentação para os seus “Inéditos Goesianos”, mas sofreu a má vontade dos que o acusavam de amadorismo, por não o considerarem um historiador (a deficiência dele não era essa, mas sim a de não saber Latim). Maximiliano Lemos, nos anos 20 do século passado, fez obra muito meritória, mas também absolvia o Cardeal D. Henrique. O francês Marcel Bataillon (1895-1977) escreveu alguns artigos de interesse, mas ofendeu os damianistas ao arrasar o Latim de Damião de Góis.  Nos anos 50, Elizabeth Feist Hirsch (1904-1998), alemã naturalizada americana, dedicou largos anos a Damião de Góis e produziu uma monografia muito bem documentada, ainda hoje essencial para o seu estudo. De vez em quando, porém, pôs os documentos de lado e deixou-se levar pela fantasia.  Um padre e professor, Amadeu Torres, tem também dedicado muitos anos da sua vida a Góis, traduzindo as suas cartas e defendendo a tese de que o Latim dele é perfeitamente aceitável. Tendo publicado e anotado profusamente as cartas latinas de Damião de Góis em 1979, só em 2009 publicou a tradução das cartas por ele recebidas, com pequenas notas. É este último livro que permite alargar um pouco o horizonte do estudo de Damião de Góis, dadas as normais dificuldades da consulta dos textos latinos.

Muitos outros autores escreveram sobre Damião de Góis, que suscita um interesse sem proporção com a sua obra publicada. De facto, a sua figura tem uma enorme projecção internacional, que lhe veio em primeiro lugar da convivência e amizade que lhe dedicou Erasmo de Roterdão (1466-1536), nos últimos anos da vida deste. Dele recebeu nove cartas, que merecem atenção. Depois, os temas escolhidos por Damião de Góis para as suas publicações, nomeadamente a Etiópia e o seu Cristianismo, e a situação dos Lapões, eram de muita actualidade e despertaram grande interesse na Europa, como provam as muitas reproduções e traduções que tiveram.”

Curiosidade: Rui Barbosa cita várias vezes Damião Góis, ao tratar de Linguagem. Na obra intitulada Réplica (p. 179, do tomo 2, do volume 29, de 1902), mencionando alguns exemplos sobre o assunto, Rui faz interessantes citações à obra de Góis, tais como:

“Pois eis aí o caso do mas não. É um falar português de todas as idades, todas as regiões e todos os escritores. Vai a prova. Assim se disse, entre os clássicos, desde os mais antigos tempos. [...]

Na Crônica d El-Rei D. Manuel, por Damião de Góis, ed. de Lisboa, 1619, fl. 92 v, se diz: “Os bons têm glória e os maus pena, mas não para sempre.”

Tipo de documento: Livro

Data: 1619

Descrição: GOIS, Damião de. Chronica do serenissimo senhor rey Dom Emanuel ...: e novamente dada à luz, e offerecida ao illustrissimo senhor D. Rodrigo Antonio de Noronha e Menezes... Lisboa: [s.n,] 1619. 347 [1] f, il.

Fonte: CORREIA, Arlindo. Damião de Gois (1502 – 1574). Cadernos Culturais Lumiar, Olivais, Telheiras, 2.ª Série n.º 4, dez. 2011. 


SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

Resgate de documento histórico do acervo de Jorge de Lima

Carta Patente de José Matheus de Lima 

Breve histórico: O acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) é amplo e diversificado. É composto pelo arquivo histórico de Rui Barbosa e sua família, sob a guarda do Arquivo Histórico da Casa, e a sua vasta biblioteca, motivo de admiração até os dias de hoje. A FCRB conta ainda com o Arquivo Museu de Literatura Brasileira (AMLB), que tem como objetivo proteger os acervos de escritores notáveis nacionais incluindo tanto seus arquivos pessoais quanto itens museológicos. Dentre eles temos uma carta patente, pertencente ao pai de Jorge de Lima, José Matheus de Lima, onde se pode acompanhar suas mudanças de cargos com o passar do tempo. 
O documento deu entrada no Laboratório de conservação e Restauração (LACRE) com muitos danos como perfurações por insetos, acidez e dividido em oito partes, completamente separadas e repletas de informações em ambos os lados. Isso provavelmente aconteceu por ter sido mantido guardado dobrado dentro de um fichário e sob peso por muito tempo. A grande quantidade de conteúdo contido nele tornou a montagem e o tratamento de estabilização muito mais difícil, por limitar as possibilidades de intervenções que poderiam ser feitas. Outro fator que tornou o trabalho ainda mais complexo foi a presença de tintas solúveis em água em ambos os lados, não sendo possível realizar banhos de higienização e desacidificação. Por esse motivo optou-se pelo tratamento de conservação, higienização com uso de trincha macia e pó de borracha para enfim unir todas as partes desmembradas da obra. Apesar das dificuldades, o resultado foi bem satisfatório e tornou possível seu resgate e também a sua consulta.
O trabalho foi realizado pela bolsista Beatriz Gondim sob orientação de Edmar Gonçalves. 
Curiosidade: Jorge de Lima nasceu em Palmares, Alagoas, em 3 de abril de 1893. Foi poeta, romancista, contistas, jornalista, ensaísta e crítico. Formou-se em medicina e foi deputado estadual, em Alagoas, e vereador, no Rio de Janeiro. Em 1939 passou a dedicar-se também às artes plásticas, participando de algumas exposições. Em 1952, publicou seu livro mais importante, o poema de tom épico Invenção de Orfeu. Em 1953, meses antes de morrer, gravou poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos.
Origem: Alagoas 
Data: Julho de 1889 
 Detalhe de parte do documento antes do tratamento 

Após o tratamento

Semana do dia 15 a 21 de junho

JARDIM HISTÓRICO






A lichia (Litchi chinensis Sonn.) é uma árvore nativa da Ásia cultivada em todo o mundo e conhecida por dar origem a um fruto de casca avermelhada, polpa gelatinosa e muito refrescante. No jardim histórico há uma lichia centenária, que foi plantada pelo próprio Rui Barbosa em 1893, e hoje oferece uma sombra agradável para as brincadeiras dos jovens visitantes.
Para conhecer mais sobre a lichia e sobre nosso jardim histórico, acesse o “Inventário Botânico do Jardim Histórico da Casa de Rui Barbosa“ no nosso Repositório Rui Barbosa de Informações Culturais (RUBI).










SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

"Este livro pode ser considerado representante da transição entre a fase final da literatura escolar e o início da literatura infantil brasileira, além de ter sido amplamente utilizado nas escolas. Teve sua primeira edição impressa em Pocai, estado de São Paulo, no ano de 1919. Foi um livro que na sua época foi utilizado na atividade didática-escolar e possibilitava uma leitura real da situação das pessoas daquela época, contrariando outros livros que traziam visões ilusórias sobre o cotidiano e a vida das pessoas. Escrito por um autor nacional de literatura infantil, revelou tendências regionalistas, nacionalistas e rurais com ênfase na tradição oral e popular, indicando uma integração entre a escola e a literatura." (STANISLAVSKI, 2004)
O enredo de Saudade apresenta a história do narrador-personagem, Mário, seu sentimento de desconforto quando ele e sua família deixam o campo para irem viver na cidade.  
Thales de Andrade foi escritor, historiador e professor e ficou conhecido como o criador do gênero infanto-juvenil da Literatura Brasileira. 

Curiosidade:  O exemplar possui uma dedicatória do autor a Rui Barbosa.

Tipo de documento: Livro
Título: Saudade
Local: São Paulo 
Data: 1919
Autor: Thales de Andrade 
Descrição: ANDRADE, Thales Castanho de. Saudade. São Paulo (BR): Pocai, 1919. 280 p., il.

Fonte
STANISLAVSKI, Cleila de Fátima Siqueira. Uma abordagem de saudade (1919) de Thales Castanho de Andrade e sua relação com a leitura escolar. Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Individ/Eixo8/431.pdf

Semana do dia 08 a 14 de junho 

SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

Peça: Livro Memórias do Cárcere 
Origem: Portugal 
Data: 1881 
Autor: Camilo Castelo Branco 

Descrição: A Coleção Rui Barbosa é famosa pela sua grande quantidade de itens, 37 mil volumes, abrangendo os mais diversos assuntos que vão desde o direito à literatura e à culinária. Fazem parte desse acervo diversas obras de Camilo Castelo Branco, autor português do século XIX muito popular em seu tempo e muito apreciado por Rui Barbosa. Uma delas, Memórias do Cárcere, passou, recentemente, pelo Laboratório de Conservação e Restauração (LACRE) da Fundação Casa de Rui Barbosa, que realizou uma pesquisa de resgate da originalidade da obra. O trabalho possibilitou que a peça recuperasse sua capa original que havia sido alterada. 

A pesquisa desenvolvida pelo LACRE localizou vários títulos que tiveram suas encadernações originais retiradas em algum momento. Esse trabalho só foi possível porque diversas capas originais foram guardadas no laboratório após processo de restauração no passado e agora recuperaram suas identidades históricas. 

O estudo foi realizado pela bolsista Beatriz Gondim sob orientação do chefe do Setor de Preservação Edmar Gonçalves. Eles conseguiram não só recuperar capas originais como também imprimir outras mais apropriadas que respeitam a historicidade, a estética e os materiais dessas obras dentro da famosa biblioteca de Rui Barbosa. Com esse trabalho o LACRE está protegendo os livros de possíveis degradações além de manter a aparência apropriada deles.

Curiosidade: Memórias do Cárcere foi escrito após pouco mais de um ano de permanência de Camilo Castelo Branco na Cadeia da Relação, no Porto, em Portugal. Na obra o autor retrata a sua vida na prisão que ocorreu por crime de adultério, devido ao relacionamento com Ana Plácido igualmente presa como adúltera. O livro foi escrito em quarenta dias numa época em que Camilo necessitava dos rendimentos da escrita para sobreviver e sustentar a mulher e os filhos.
O livro na capa em que se encontrava

Depois com sua capa original

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

“Este foi o primeiro livro publicado para crianças no Brasil, em 1894, pela Editora Quaresma. Uma coletânea de 40 contos populares, em que o autor traduz e adapta contos de outros países, entre os quais histórias de Perrrault, Grimm e Andersen, além de fábulas e contos da tradição oral.” (Fidalgo; PUC-Rio/Cátedra Unesco).
“A estrutura dos contos maravilhosos, que há dezenas de anos já tinha se legitimado em várias partes do mundo, é mantida na obra Contos da Carochinha, que apresenta ainda a vantagem, para os leitores brasileiros da época, de ser escrita em português mais próximo daquele falado no país, em narrativas mais curtas do que as originais. Assim, o sucesso do livro não poderia ser diferente, pois ele guarda a memória da literatura de diversas gerações [...]. Por manter o modelo de narrativa que possibilita ser exercitada na oralidade, Pimentel torna-se referência no gênero infantil.” (Silva, 2019, p. 118).

Curiosidade: “A Livraria Quaresma foi responsável por uma revolução, no Brasil, no campo das edições para as crianças. Na época, a maior parte da literatura infantil e praticamente todos os livros para as crianças menores vinham de Portugal; e mesmo a pequena parte produzida no Brasil ainda seguia, na linguagem, os usos da pátria mãe. A criança não apenas se confundia com as palavras e o estilo grotesco desses livros, como, frequentemente, tinha dificuldade até mesmo de compreendê-los. Quaresma contratou o jornalista Alberto Figueiredo Pimentel para produzir toda uma coleção de livros infantis escritos em português do Brasil. Contos da Carochinha saiu em 1894. Os tradicionalistas mostraram-se horrorizados, mas a inovação garantiu à Quaresma o virtual monopólio do mercado de livros infantis.” (Hallewell, 2005, p. 274).

Tipo de Documento: Livro 
Título: Contos da Carochinha 
Local: Rio de Janeiro 
Data: 1959 
Autor: Alberto Pimentel 
Descrição:  PIMENTEL, Alberto Figueiredo. Contos da Carochinha. 25. ed. Rio de Janeiro: Livraria Quaresma Editora, 1959. (Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma).

Fontes

SILVA, Natasha Castro. Intertextualidade e memória da literatura em Contos da Carochinha, de Figueiredo Pimentel. Manuscrítica, n. 37, 2019.

HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. 2. ed. rev. ampliada São Paulo (BR): EDUSP, 2005. 809 p., il., fac-similes, ret, 32 cm. Inclui bibliografia e índice. ISBN 8531408776 (enc.).


Semana do dia 01 a 07 de junho -  Especial Memórias da Abolição 

SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL

Hoje, na série “Memórias da abolição”, que compartilha uma parte do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa relacionado ao tema da abolição da escravidão no Brasil, destacamos um diploma oferecido pela Confederação Abolicionista a Rui Barbosa. A homenagem é indicativo do engajamento de Rui Barbosa na luta abolicionista e de sua atuação na defesa de uma abolição isenta de qualquer tipo de indenização para os ex-proprietários de escravizados. O documento faz parte da série Ministério da Fazenda do Arquivo Rui Barbosa e pode ser consultado na íntegra em nosso site.
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SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL

Hoje, na série “Memórias da abolição”, que compartilha uma parte do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa relacionado ao tema da abolição da escravidão no Brasil, destacamos uma carta de alforria. O documento, de caráter comprobatório, era fornecido aos escravizados libertos como prova de sua libertação. No documento destacado, José Mendes de Oliveira Castro confere a alforria à escravizada Carolina. O documento faz parte da série Oliveira Castro da Coleção Lucia Sanson e pode ser consultado na íntegra no nosso site.
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CLS SOC DOS 6 (doc.3)


MAIO - Especial Memórias da Abolição 

Publicaremos até a 1 ª semana de junho a série “Memórias da abolição” compartilhando uma parte do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa relacionado com o tema da abolição da escravidão no Brasil.

Semana do dia 25 a 31 de maio 

SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL



Hoje, na série “Memórias da abolição”, que compartilha uma parte do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa relacionado com o tema da abolição da escravidão no Brasil, trazemos uma carta manuscrita da Comissão de Libertos. No documento, escrito aproximadamente um ano após a abolição, podemos observar o pedido para que Rui Barbosa intercedesse junto ao Governo Imperial a fim de conseguir educação e instrução para os filhos de ex-escravizados. O documento faz parte da série Correspondência do Arquivo Rui Barbosa e pode ser consultado na íntegra em nosso site.
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SERVIÇO DE BIBLIOTECAS


“Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu no Recife em 19 de agosto de 1849, quarto filho de José Tomás Nabuco de Araújo e de Ana Benigna de Sá Barreto. Seu pai, de origem baiana, se estabelecera em Pernambuco, onde se tornou juiz e casou com a sobrinha do poderoso marquês do Recife, aliando-se à oligarquia conservadora da província da qual fazia parte a família da esposa, os Pais Barreto. “Joaquim estava com poucos meses de idade quando o pai, eleito deputado, partiu com a família para o Rio de Janeiro, confiando o menino aos cuidados da madrinha, Ana Rosa Falcão de Carvalho.” Com a morte da madrinha, em 1857, reuniu-se novamente a sua família no Rio de Janeiro. “Em 1866 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, tendo pertencido à turma na qual se destacaram Castro Alves, Rui Barbosa, Rodrigues Alves e Afonso Pena. Pouco interessado pelos estudos jurídicos, manteve intensa atividade nos grêmios políticoliterários e nos jornais que animavam a vida acadêmica.”1

“Joaquim Nabuco venceu a eleição na campanha de 1884, mas ela foi anulada por fraude. No ano seguinte, foi novamente eleito, porém desta vez seu mandato não foi reconhecido pela Câmara dos Deputados ou, como ele diria depois, foi degolado. No mesmo ano de 1885 houve a dissolução da Câmara, o Partido Conservador voltou ao poder e Nabuco não conseguiu se reeleger. Apenas assumiria o mandato nas eleições de 1887. Nesse período de grande pressão política, as províncias de Ceará e Amazonas promulgaram leis extinguindo a escravidão em seus territórios. Nessa mesma ocasião, foi promulgada a Lei dos Sexagenários (BRASIL, 1885), que veio a ser criticada por Nabuco como retrógrada. Regressando ao Rio de Janeiro, Nabuco publicou quatro opúsculos de propaganda liberal, entre eles” O Eclipse do Abolicionismo (1886).2
A Biblioteca de Rui Barbosa possui um exemplar, da obra, assinalado pelo próprio Rui Barbosa.
Formato: Livro
Data: 1886 
Descrição: NABUCO, Joaquim. O eclypse do abolicionismo. Rio de Janeiro (BR): Leuzinger, 1886. 44 p. 
Semana do dia 18 a 24 de maio 

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS

Diniz Vitorino (Diniz Vitorino Ferreira) nasceu em 6 de maio de 1940, em Monteiro (PB), e faleceu em 5 de junho de 2010, João Pessoa (PB). Foi cantador, violeiro, escritor, poeta e cordelista. “Era filho do poeta de Joaquim Vitorino e irmão do também poeta Lourinaldo Vitorino. Venceu vários festivais de viola. Publicou diversos livros e gravou discos. Ao longo dos anos participou de inúmeros festivais e chegou em primeiro lugar em 23 deles.”1 
Abolição do Cativeiro é um dos seus cordéis mais importantes. A “narrativa trata da história de um Brasil escravocrata, marcado pelas relações de subordinação. É exatamente sob esse ponto de vista que o poeta Diniz Vitorino Ferreira escreve o cordel Abolição do Cativeiro. Nele, apresenta todo um percurso que os negros africanos seguiram até chegar ao Brasil. Já nos primeiros versos, o autor começa definindo para o leitor o significado de liberdade em oposição ao cativeiro.2 
Descrição: Vitorino, Diniz. Abolição do Cativeiro. Olinda (PE, BR): Casa das crianças de Olinda, [1996?]. 36 p. 
Formato: Livro
Data: [1996?]

SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL

RB-RBCR 1260/1 (2)

Hoje, trazemos um trecho de uma carta enviada pelo advogado e político Antônio Carneiro da Rocha para Rui Barbosa em que destaca as comemorações pela abolição ocorridas no estado da Bahia. O documento faz parte da série Correspondência do Arquivo Rui Barbosa e pode ser consultado na íntegra em nosso site.
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Semana do dia 11 a 17 de maio

SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

A mínima intervenção: o respeito à originalidade Trabalho técnico desenvolvido pelo SEP
A mínima intervenção: o respeito à originalidade é a premissa do trabalho técnico desenvolvido pelo Serviço de Preservação (SEP). Como é sabido, a mínima intervenção é um produto da reflexão teórica que perdurou por séculos até seu amadurecimento no final do século XIX e início do século XX, com as teorias advindas do restauro científico e crítico respectivamente. Sobre tal evolução, Kühl (2008, p.15) elucida que muitos conceitos pertinentes à prática do restauro vêm amadurecendo gradualmente desde o século XV até o século XVIII e que, a partir do século XIX, assumiu um caráter único e diferenciado, de natureza singular.
Sobre esse caráter são evidenciados alguns aspectos ainda hoje considerados, tais como: o respeito pela matéria original, a ideia de reversibilidade, distinguibilidade, a importância de documentação e metodologia científica, mínima intervenção entre outros aspectos conservativos. Em relação a essa prática, podemos apresentar como se dá a aplicação da mesma na rotina dos conservadores-restauradores da Fundação Casa de Rui Barbosa. Os livros em questão estavam com sua estrutura de encadernação fragilizada e necessitavam de medidas interventivas que possibilitassem seu uso e pesquisa. Dessa forma, com o intuito de devolver ao livro essas possibilidades, pensou-se na mínima intervenção seguindo os preceitos abordados por Khül anteriormente. Nos casos a seguir, foram utilizados os seguintes materiais: papel japonês de gramatura média como reforços que foram posteriormente pigmentados, tiras de couro e papel alcalino próximas ao tom original da capa para união das partes degradadas.

Figuras 1, 2 e 3 dos livros que tiveram suas lombadas reparadas respeitando a originalidade com o material original, seja ele couro ou papel decorativo. Referência: BOITO, Camillo. Os Restauradores. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008

SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL



 
O Serviço de Arquivo Histórico e Institucional (SAHI) disponibiliza ao público, para consulta, cerca de 60 mil documentos que compõem o Arquivo Rui Barbosa. A documentação encontra-se totalmente digitalizada e disponível para acesso.










 
Semana do dia 04 a 10 de maio


JARDIM HISTÓRICO

Quiosque
Peça: Quiosque

Data: Final do Século XIX

Breve histórico: Trata-se de um dos principais elementos na composição do Jardim Histórico do Museu Casa de Rui Barbosa. Fica localizado em uma pequena ilha, em meio a um lago e dois nichos de árvores especiais: a lichia e o pau-brasil. O quiosque, peça muito comum nos jardins românticos, tem estrutura octogonal, típica construção do final do século XIX. Tinha diversas funções: local para chá, para leitura ou encontros, mirante, coreto de banda. Servia também para banho dos moradores. O seu interior conta com uma banheira e um chuveiro que a família Rui Barbosa usava para banhos no verão.
No passado, quando a residência era ocupada pelo comendador Albino, vasos e canteiros exibiam uma grande variedade de plantas ornamentais e havia ainda um viveiro que reunia pássaros de diferentes procedências, desde macuco, jacutinga e jacu até os representantes do Alto Amazonas, mar Pacífico, rio da Prata, África e Europa.
Atualmente, a banheira sob o chuveiro está encoberta e nesse ambiente uma exposição permanente descreve a história do bairro de Botafogo e os detalhes paisagísticos do jardim da casa e suas plantas.
Curiosidade: Em 2015, assim como o jardim da Casa, o quiosque foi restaurado. No começo do processo de restauração foi identificada a presença de um desnível no piso e este foi retirado para detectar o motivo do problema. Com sua remoção, foi possível concluir que a base do quiosque, em pedra de mão argamassada, encontrava-se irregular.
Foram feitos uma análise e o mapeamento de danos que o quiosque havia sofrido ao longo do tempo. O espaço recebeu recapeamento e uma camada bem fina de argamassa. A empresa contratada realizou, ainda, uma investigação com a remoção da vegetação de entorno. Assim, foram descobertos panos rusticados com losangos e uma rocalha imitando troncos de madeira fazendo embasamento.
A estrutura do Quiosque é toda em madeira, criando um espaço delimitado por planta octogonal, de 1,86m por lado e aproximados 3 m de altura. O telhado tem estrutura de madeira e fechamento em chapas de zinco em forma de “campânula”, com acabamento em lambrequins recortados em madeira. As paredes são em réguas de madeira posicionadas a 45 graus e o piso contempla ladrilhos hidráulicos hexagonais na cor creme, quadrados na cor telha e retangulares na cor preta, compondo um desenho singular. Durante a restauração de 2015, foi feita prospecção estratigráfica nas réguas de madeira e encontrou-se a cor marrom, além da verde inicial.

MUSEU CASA DE RUI BARBOSA

Cadeira-escada

Em 15 de setembro de 1915, data da missa de sétimo dia de falecimento de Pinheiro Machado, solicitado por um amigo a dar um parecer, Rui Barbosa utilizou a cadeira-escada para alcançar o livro de que necessitava. Perdeu o equilíbrio e caiu sobre um sofá, fraturando a tíbia. Atendido pelo Dr. Paes Leme, teve a perna engessada por setenta dias. A propósito do acontecimento, diria mais tarde que essa fora a última rasteira que lhe passara seu velho adversário político.

 














ABRIL

Semana do dia 27 de abril a 03 de maio

SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

Reformulação da ficha de diagnóstico aplicada ao acervo bibliográfico

 

Uma das pesquisas, desenvolvidas pelo Serviço de Preservação (SEP) da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), trata-se da reformulação das fichas de diagnóstico utilizadas pelo setor para avaliação do acervo bibliográfico do Museu Casa de Rui Barbosa (MCRB).

Ao longo dos anos, as fichas passaram por diversas modificações e atualmente foram verificadas algumas falhas no modelo em uso, tais como: a ausência de campos contendo informações mais detalhadas sobre o livro; o tipo de nomenclatura utilizada nos campos de preenchimento; o espaço físico destinado ao armazenamento das fichas impressas em caixas arquivo e a dificuldade para realizar alterações no layout e no conteúdo da ficha ou para anexar imagens.

Os modelos utilizados em diagnósticos anteriores passaram a não atender mais às demandas do acervo de forma efetiva. Portanto, fez-se necessária a reformulação e o aprimoramento da ficha com o objetivo de se obter maior número de informação a respeito de cada obra e assim melhor atender o perfil do acervo a ser diagnosticado. Foi preciso migrar as fichas em papel para formatos digitais com vinculação à uma base de dados e armazenamento em nuvem por meio de um aplicativo (Figura 1). O intuito é evitar o acúmulo de fichas impressas e garantir a segurança das informações coletadas. Este trabalho foi desenvolvido pela bolsista Paula Mascarenhas sob orientação do chefe do setor, Edmar Moraes, e faz parte do projeto “Conservação Integrada: implantação de programa de pesquisa no campo da deterioração dos acervos documentais – 2ª etapa”. O objetivo é promover ações de conservação preventiva em todos os ambientes do MCRB que abrigam acervo bibliográfico.


ARQUIVO-MUSEU DE LITERATURA BRASILEIRA (AMLB)

José de Alencar


O arquivo pessoal de José de Alencar foi doado à Fundação Casa de Rui Barbosa em 13 de outubro de 1981, por Fábio de Alencar e Regina de Alencar, familiares do ilustre escritor. Nele estão cartas emitidas e recebidas; documentos pessoais, fotografias e textos de Alencar e de escritores contemporâneos. No acervo existe a pena com a qual o autor escrevia suas cartas e textos. Há de se destacar no arquivo alguns originais muito importantes na obra de Alencar, como artigos na imprensa, discursos parlamentares e o manuscrito do romance Till, este, doado pelos familiares do escritor Lúcio de Mendonça.

Carta de José de Alencar ao Ministro do Império José Joaquim Fernandes Torres de 17 de março de 1867. Nomeação de Oficial da Ordem da Rosa feita por sua Magestade, o Imperador do Brasil, a José de Alencar.
Carta de José de Alencar a J.M. Queirós e CIA de 1877 relativa ao pagamento de 40 mil réis. No mesmo documento há o recibo passado por J.M. Queiroz.

Esses documentos integram o arquivo do escritor sob a guarda do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira.

Semana do dia 20 a 26 de abril
 
MUSEU

Cozinha

A cozinha da residência que pertenceu à família Rui Barbosa é um dos cômodos de destaque do Museu Casa de Rui Barbosa. Reformada por D. Maria Augusta Rui Barbosa, tem pisos em ladrilho hidráulico e azulejos da época. Nela há bancadas de mármore, fogão à lenha de ferro fundido, panelas e assadeiras em níquel, tachos, almofariz e pote, em faiança. Além da existência de uma pia cônica para limpeza dos peixes e aves, que revela a preocupação com a higiene e o bem-estar da família. Graças a um sistema de serpentina ligado ao fogão, a água quente chegava aos banheiros e à copa. Ao visitar o MCRB não deixe de conhecê-la!




SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL

Sítio "Escravidão, abolição e pós-abolição" - Catálogos
 


O sítio "Escravidão, abolição e pós-abolição" disponibiliza, em um ambiente virtual, três catálogos digitais de algumas das mostras documentais realizadas pelo Serviço de Arquivo Histórico e Institucional (SAHI). Esses catálogos fazem parte do acervo sub a custódia do SAHI. São eles: O Registro da Escravidão na Vida Privada (V.I), O Registro da Escravidão na Vida Privada (V.II) e A Abolição e seus Registros na Vida Privada. Todos disponíveis no link:
 
http://www.memoriaescravidao.rb.gov.br/exposicoes.html


 









Semana do dia 13 a 19 de abril

SERVIÇO DE PRESERVAÇÃO

O exemplar faz parte da coleção Rui Barbosa, composta por cerca e 37 mil itens e referência em diversos campos de estudo entre eles a literatura, a religião, o direito e a política. Este último de especial interesse e muito estudado por Rui.















Breve Histórico: Escrita por Jules Simon, estadista republicano francês do século XIX, Le Gouvernement tem a política como tema principal. Consiste em dois tomos sendo apenas o primeiro objeto deste estudo. Pode-se dizer que corresponde a um dos trabalhos mais importantes do autor, ao lado de outras obras como Mémoires des autres (1889), Nouveaux mémoires des autres (1891) e Les Derniers mémoires des autres (1897).

Curiosidade: Le Gouvernement está sendo restaurada pelo Serviço de Preservação (SEP) da Fundação Casa de Rui Barbosa. O tratamento técnico aplicado a esta obra prevê uma intervenção mínima com o objetivo de devolver a ela a possibilidade de manuseio e de estabilidade física. Sendo assim, são necessários apenas o restauro de encadernação e a conservação de seu miolo que encontra-se em bom estado.

Já para as partes mais fragilizadas da estrutura do livro, como costura e alguns cadernos, deverão ser tratados separadamente, pensando-se em técnicas como reforço de costura.

Obra: “Le Gouvernement de M. Thiers (2 vols.)
Data: 1878
Autor: Jules Simon
Local: França

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS


Leandro Gomes de Barros, paraibano nascido em 19/11/1865, na Fazenda da Melancia, no Município de Pombal, é considerado o rei dos poetas populares do seu tempo. Foi um dos primeiros a colocar versos cantados no papel para vendê-los por onde passava.

Foi educado pela família do Padre Vicente Xavier de Farias (1823-1907), proprietária da fazenda, de quem era sobrinho por parte de mãe. Em companhia da família "adotiva" mudou-se para a Vila do Teixeira, que se tornaria o berço da Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários cantadores e poetas ilustres. Depois foi para Pernambuco, em seguida Vitória de Santo Antão e, posteriormente, Recife. É patrono da cadeira número um da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Com um aviso ao final [do] poema A Cura da Quebradeira, demonstra suas constantes mudanças e o grande tino comercial.

Curiosidade: “Leandro imprime a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias.” (Maya, 2004)
Tipo de Documento: Folheto de cordel
Título: A Cura da Quebradeira
Local: Paraíba
Data: 1915
Autor: Leandro Gomes de Barros
Descrição: BARROS, Leandro Gomes de. A cura da quebradeira. Paraíba (PB, BR): Popular Editora, 1915. 16 p (p. 1-9).

Semana do dia 06 de abril a 12 de abril

JARDIM HISTÓRICO

O parreiral está presente no jardim como uma estrutura em metal e madeira, construída no século XIX (antes da compra da casa por Rui Barbosa), com finalidade inicial de abrigar a plantação de parreiras (videiras) para o cultivo de uvas. Até hoje ele abriga parreiras, assim como as rosas trepadeiras, plantadas na restauração de 2016, e seu desenho em curvas já é uma marca registrada do jardim histórico. Sua função espacial proporciona a delimitação de eixos de circulação, com um grande eixo principal dividido por dois eixos secundários, perpendiculares, que setorizam o jardim privado em canteiros retangulares. Junto com o quiosque, o parreiral forma o grupo dos elementos arquitetônicos mais marcantes do jardim privado.

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS


Primeira edição do livro que reúne 14 contos de Monteiro Lobato. Teve como origem um artigo publicado pelo escritor com o título “Velha Praga”, no jornal Estado de São Paulo, em 1914. Na época, Monteiro Lobato dedicava-se ao trabalho no campo, mais precisamente na fazenda que herdou de seu avô. Preocupado com o longo período de seca e, principalmente, com a prática de queimadas, ele resolveu fazer uma denúncia em forma de carta ao periódico. O texto fez tanto sucesso que resultou na escrita de vários contos, entre eles o que dá título ao livro “Urupês” em que o autor apresenta um de seus principais personagens, o Jeca Tatu. Na obra, Monteiro Lobato demonstra a preocupação em reproduzir a fala de um Brasil rural com o uso de um português coloquial em oposição aos padrões da academia naquela época. Além da linguagem, Urupês foi impresso nas oficinas do Jornal Estado de São Paulo, prática inovadora naquela ocasião.

Curiosidade: Um dos mais completos modelos de estudo de textos feitos por Rui Barbosa está no exemplar da primeira edição de Urupês, cedida pelo autor. A obra deu origem à conferência de 20 de março de 1919, no Theatro Lyrico, do Rio de Janeiro, na qual Rui proferiu o discurso “A questão social e política no Brasil”. Em sua apresentação, ele cita trechos de Urupês, nacionalizando o nome de Monteiro Lobato.

A dedicatória manuscrita, estampada no livro, reflete a imensa admiração do autor por Rui Barbosa: "A Rui Barbosa, o primeiro, homenagem de Monteiro

Lobato, o último — 26-6-1918". Convém ressaltar que Rui tinha por hábito não citar autores vivos, mas viu no Jeca Tatu de Monteiro Lobato um retrato doloroso de parte do Brasil [...]”. O Urupês de Rui é um exemplar raro, por suas circunstâncias e porque é, materialmente, a prova do estudo que deu início à história de um livro e ao renome de um autor.” (Pinheiro, 2008).

Tipo de Documento: Livro
Título: Urupês
Local: São Paulo
Data: 1918
Autor: Monteiro Lobato
Descrição: LOBATO, José Bento de Monteiro. Urupês. São Paulo (BR): Ed. da Revista do Brasil, 1918. 231 p, il.

MARÇO

Semana do dia 30 de março a 05 de abril


SERVIÇO DE BIBLIOTECA E MUSEU

Para crianças 

Sabemos que você adora cada cantinho da Casa de Rui Barbosa: nosso jardim, nossa BIMM e o nosso museu, então temos uma novidade: agora você pode explorar esses espaços aí da sua casa! Além disso, você poderá também brincar com alguns joguinhos e descobrir histórias muito interessantes sobre Rui Barbosa! Gostou da ideia, aproveite, pois criamos este ambiente pensando em você! Lembre-se de nos contar se você gostou e mandar sugestões!

  
SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL

Sítio "Escravidão, abolição e pós-abolição" - Jogos


O sítio "Escravidão, abolição e pós-abolição" disponibiliza um ambiente virtual com quatro (4) modalidades de jogos (Quiz, Jogo da Memória, Desafio da Transcrição Paleográfica e Caça-palavras). Todos os jogos têm como ponto de partida os documentos arquivísticos sob custódia do Serviço de Arquivo Histórico e Institucional (SAHI). O espaço representa uma ótima oportunidade de diversão e aprendizagem durante o período de isolamento social. 









Semana do dia 23 a 29 de março

MUSEU CASA DE RUI BARBOSA

Coupé

O Coupé é um carro de origem francesa que fez grande sucesso em Paris e na América Latina. O nome significa “cortado”, pois o veículo foi inspirado nas carruagens do Século XIX nas quais os bancos traseiros eram retirados “cortados”. Era o preferido dos magistrados, diplomatas e autoridades. Muito utilizado em solenidades e cortejos. Passou a ser largamente fabricado após alcançar a burguesia. Foi um presente de Carlos Viana Bandeira para sua irmã, Maria Augusta Rui Barbosa. Segundo os netos de Rui, que na infância gostavam de brincar às escondidas em seu interior, o carro era utilizado pelo casal principalmente para ir ao teatro.

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