O Museu Casa de Rui Barbosa inaugurou nesta semana a mostra “Rui, sua casa e seus livros: o homem e sua biblioteca” que ficará aberta ao público até o dia 14 de abril de 2019. A exposição é uma forma de demonstrar a relação do jurista com seus livros, objetos com os quais ele tinha grande zelo, e como ele utilizava as obras como ferramenta de trabalho, além de fontes de informações para sua vida cotidiana. Os itens foram divididos e expostos em sete salas da estrutura casa. A sala de Haia, por exemplo, abriga a seção de idiomas. Com exemplares em diferentes línguas, como francês, inglês, alemão e italiano, é possível perceber o interesse de Rui por variados assuntos e sua tão mencionada erudição. Há também, na sala Pró-aliados, na seção “Marginálias”, itens que incorporam o hábito de anotações de Rui Barbosa, comprovando que ele interagia com seu acervo para elaborar pareceres e estudos. Pontos curiosos da vida do patrono também são mencionados na exposição. Na cozinha do museu é possível encontrar livros de receitas, como também de dicas alimentares que Rui tinha em sua coleção. É mencionado ainda um momento em que ele ajuda sua filha mais nova, Baby, a cozinhar bolinhos, pois tinha aprendido lendo sobre o assunto. Outro fato interessante é que, após o início da Primeira Guerra, o envio de livros a Paris para serem encadernados foi cessado. Por isso, Rui passou a contar com um funcionário, Antonio Joaquin da Costa, para cuidar especificamente de sua biblioteca. Na mostra, uma pequena oficina com os modos de encadernação da época foi remontada. Com curadoria da equipe Museu Casa de Rui Barbosa, a exposição tem ainda temáticas relacionadas, por exemplo, à representação do papel feminino no período vivido por Rui Barbosa e seus hábitos relacionados ao hábito da medicina, carreira seguida por seu pai. O roteiro temático é a oportunidade de buscar o diálogo entre o acervo, o espaço e o personagem.



Fundado em 1972, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) foi instalado na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) após um apelo feito por Carlos Drummond de Andrade em sua coluna do Jornal do Brasil de 11 de julho daquele ano. A crônica de Drummond era um lamento pela falta de um local onde ficasse guardada a memória literária nacional através das grandes obras da literatura do país. Em algumas linhas, o escritor fez também uma espécie de apelo para a criação de tal instituição: “mas falta o órgão especializado, o museu vivo que preserve a tradição escrita brasileira, constante não só de papéis como de objetos relacionados com a criação e a vida dos escritores [...] Será que a ficção, a poesia e o ensaio de nossos escritores não merecem possuí-lo?”.
Após conversas e negociações entre o escritor Plínio Doyle e Américo Lacombe, naquele momento presidente da FCRB, no dia 28 de dezembro de 1972, foi instalado na sede da Fundação, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira. Mais de 45 anos depois, seu acervo possui 348,19 metros lineares de arquivos de escritores brasileiros que representam diferentes movimentos literários, através de nomes como: Antônio Sales, Bastos Tigre, Cruz e Sousa, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, entre outros.

Dos 147 arquivos sob a custódia do AMLB, 35% encontram-se totalmente organizados e disponíveis na base de dados; 60% encontram-se parcialmente organizados; e 14% aguardam o devido tratamento técnico. Há que se registrar que o fato de estes arquivos não terem sido ainda organizados não se traduz em impedimento para a consulta, uma vez que os acervos podem ser acessados in loco por todos os interessados, com agendamento prévio através do e-mail: consulta.acervo@rb.gov.br.

Além dos arquivos privados dos escritores, o AMLB possui considerável acervo museológico constituído por cerca de 1950 peças e objetos que pertenceram a alguns titulares. Exemplos interessantes são a máquina de escrever de Clarice Lispector, duas caixas de música de Cornélio Penna e a mesa, cadeiras e poltrona de Manuel Bandeira.

O AMLB promoveu ao longo desses anos diversas exposições para que, assim, o público tivesse contato com os itens do acervo. A atual chefe do AMLB, Rosangela Rangel, diz que a intenção é que em breve esses projetos continuem sendo desenvolvidos. “O conceito de arquivo-museu visa conservar a memória da literatura, através da relação entre os objetos e as obras, com acervos de vários escritores dispostos no ambiente. O AMLB reúne os escritores mais representativos da literatura brasileira”, explica a arquivista.

O Guia do acervo do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira também está disponível para download.

FONTE: Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB)  

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